Ahiṁsā, o pilar da não-violência

Ahiṁsā, o pilar da não-violência

Quando alguém impede o progresso evolutivo de outra entidade viva, ele está certamente praticando ahiṁsā, violência. Segundo a visão védica, pelo arranjo da Providência, os animais também estão num processo evolutivo; isto é, transmigrando de uma categoria de vida animal para outra. Isso significa que, se após permanecer num corpo específico por um período, o animal é abatido prematuramente, sua evolução será interrompida. Em outras palavras, se morto sem concluir seu ciclo natural de existência, o animal não será promovido à sua próxima espécie de vida, mas voltará à forma de vida na qual ele se encontra para completar os dias que restaram. Logo, uma pessoa conscienciosa não irá agir de modo a interromper o progresso deles em nome de simplesmente satisfazer seu paladar. Isso se chama ahiṁsā, “não-violência”. Ninguém deve pensar: “Já que em todos os corpos existe uma centelha espiritual imortal, que mal haveria em desfrutar da língua, abatendo animais?”.

Ao observar a natureza, um ser humano progressista, situado no modo da bondade (sattva-guṇa), considera o amplo suprimento de cereais, legumes, frutas, leite etc. e conclui que não há o menor motivo para incluir carne na dieta humana. Infelizmente, a grande maioria da população, devido à falta de conhecimento espiritual, não entende essa verdade óbvia. O preceito escritural prescreve que, na falta de alternativa, pode-se até matar um animal, mas ele deve ser oferecido em sacrifício. De qualquer modo, uma pessoa coerente que deseja expandir sua percepção espiritual observa o amplo suprimento de alimento disponível para a humanidade e opta pelo lacto-vegetarianismo e adere a uma dieta sem violência, livre do karma gerado pelo abate insensível de animais inocentes.

A Gītā afirma: “Se alguém Me oferecer, com amor e devoção, uma folha, uma flor, frutas ou água, Eu as aceitarei”. Essa instrução é tão maravilhosa e acessível que pode ser praticada mesmo por um indivíduo pobre e sem prévias qualificações, pois o Senhor, mesmo sendo autossuficiente, aceita a mais simples oferenda, desde que haja devoção genuína. Isso mostra que todos podem se valer da necessidade de se alimentar para ampliar sua situar consciência de Deus. Além do amor e da devoção, nada poderia induzir o Senhor a aceitar algo de alguém. Como o verdadeiro desfrutador e verdadeiro objeto das oferendas sacrificatórias, Ele revela quais são as classes de sacrifícios que Ele deseja que Lhe ofereçam: frutas, folhas ou água. Desse modo, quem deseja satisfazê-Lo evitará oferecer algo indesejável ou inadequado. Logo, carnes, peixes, ovos e bebidas alcoólicas nunca devem ser oferecidos a Deus. Se assim Ele os desejasse, teria mencionado. Somente depois de oferecidos em sacrifício, os alimentos são considerados puros e próprios para o consumo daqueles que procuram se libertar do enredamento cármico. Por conseguinte, o yogī com características devocionais prepara pratos vegetarianos simples, deliciosos e, através da recitação de mantras, purificam e oferecem o alimento com respeito e devoção, agradecendo e orando para que o Senhor aceite sua humilde oferenda. Isso lhe é de grande ajuda no controle dos sentidos.

É claro que a ahiṁsā, “não-violência” não para por aí. Por exemplo, se uma pessoa reprime sua própria natureza, ela está sendo violenta consigo mesma – daí a importância do autoconhecimento e do dharma pessoal. De modo semelhante, se uma pessoa distorce a verdade, baseada em algum interesse pessoal, ela também comete violência. Por isso que as complexidades filosóficas encontradas na literatura védica devem ser aprendidas somente com um professor credenciado, um mestre genuíno. Portanto, aquele que, inventando suas próprias interpretações disparatadas, deturpa os textos originais está cometendo violência contra a inteligência dos seus ouvintes. Enfim, um yogī, verdadeiramente conectado à espiritualidade,está sempre evitando cometer violência, quer seja através dos seus pensamentos, das suas ações ou das suas palavras.

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