Karma, Jnana, Yoga e Bhakti

Webinário - Maratona do Bhagavatam Online

O Importante Papel do Conhecimento Védico

Karma significa ações materialmente interessadas; jñāna, especulação filosófica; yoga, atividades místicas destinadas à meditação; e bhakti, serviço devocional amoroso ao Senhor. Como veremos em nosso estudo do Śrīmad-Bhāgavatam, bhakti é apontada como a mais sublime e adequada ocupação para livrar a alma do enredamento material e lançá-la no caminho de volta ao lar, de volta ao Supremo.

Em outras palavras, a busca pela felicidade, inerente a todo ser vivo, é marcada por esses quatro tipos de empenhos: karma, jñāna, yoga e bhakti, sendo que todos eles são apresentados detalhadamente em diferentes textos védicos. Apesar da importância inquestionável dos textos védicos, no início da Bhagavad-gītā, Kṛṣṇa adverte Seu discípulo Arjuna a ficar longe dos Vedas (Bg 2.45). A quais Vedas Kṛṣṇa está Se referindo?

Vale lembrar que, através dos três modos da natureza (ignorância, paixão e bondade), māyā, a energia material ilusória, impõe diferentes níveis de consciência para a alma corporificada. Sendo assim, são necessários tipos diferentes de escrituras védicas, cada qual com instruções adequadas às pessoas, que possuem mentalidades específicas (“o que é remédio para um, é veneno para outro”). O motivo dessa variedade de escrituras védicas é o de dar oportunidades para que todos, independentemente da posição, avancem no caminho da autorrealização. Por exemplo, o que fazer com a pessoa numa condição muito caída, predominantemente influenciada por tama-guṇa, ou modo da ignorância? Considerando que tal pessoa não seria capaz de aceitar, de uma hora para outra, um padrão de vida espiritual elevado, a melhor coisa a fazer é tentar elevá-la da ignorância à paixão. Ou seja, mesmo sabendo que o modo da paixão mantém sua vítima aquém da verdadeira espiritualidade, a seção karma-kāṇḍa sabe aproveitar seu ímpeto por desfrutar dos sentidos. Como? Prometendo-lhe os resultados que tanto almeja, mas impondo-lhe algumas restrições e, ao mesmo tempo, despertando seu interesse por algumas disciplinas e sacrifícios.

Uma vez situada no modo da paixão “regulado” (o que é feito através da seção karma-kāṇḍa dos Vedas), essa pessoa é levada gradualmente a entender a ilusão do gozo dos sentidos, desenvolvendo maior discernimento e desapego e se credenciando para mergulhar em estudos védicos mais profundos (tais como as Upaniṣads e alguns Purāṇas), oferecidos pela seção jñāna-kāṇḍa.

Através do estudo e da introspecção, ela pode se elevar gradativamente ao modo da bondade até chegar à percepção do Brahman, quando reconhece que, assim como ela, todas as coisas possuem natureza espiritual. Depois desse entendimento preliminar, seu próximo passo será alcançar a compreensão da Pessoa Suprema e estabelecer sua relação amorosa com Ela, ingressando, assim, em bhakti-kāṇḍa, a fase mais auspiciosa do caminho da autorrealização espiritual.

Enfim, o caminho que liberta plenamente a alma corporificada de seus condicionamentos, pode ser dividido em três seções (kāṇḍas): karma-kāṇḍa, a busca pelo desfrute através de uma vida regulada; jñāna-kāṇḍa,o cultivo do conhecimento divino visando o desapego material; e bhakti-kāṇḍa, a devoção amorosa à Pessoa Suprema.

Karma, o Caminho da Ação Fruitiva Regulada

O início do progresso humano nessa direção é marcado pela porção dos Vedas conhecida como karma-kāṇḍa, que se destina a atrair a mente dos vikarmīs, almas caídas que confundem gratificação superficial dos sentidos com verdadeira felicidade. Ou seja, para tais vikarmīs incapazes de se desapegarem dos prazeres sensuais, o caminho karma-kāṇḍa promete a satisfação desses prazeres através da adoração aos semideuses, tais como Indra, Durgā, Sūrya, Candra etc. O motivo disso é que, em tal caminho, ele iniciará seu processo purificatório e gradualmente se livrará da condição de um vikarmī, um materialista grosseiro que busca a gratificação dos sentidos a qualquer custo, sem moral, ética, decoro ou decência.

Ainda assim, de acordo com a classificação acima – karmīs, jñānīs, yogīs e bhaktas – os karmīs são os mais enredados materialmente, pois, apesar de se submeterem a certas disciplinas religiosas, fazem-no movidos por interesses pessoais materiais. Segundo a Bhagavad-gītā, a avidez por gozo dos sentidos e vida opulenta dos karmīs os mantêm cegos à autorrealização espiritual por vidas e vidas. Śrīla Prabhupāda explica:

As pessoas em geral não são muito inteligentes e, devido à sua ignorância, elas ficam muito apegadas às atividades fruitivas recomendadas nas porções karma-kāṇḍa dos Vedas. Só lhes interessam propostas de gozo dos sentidos para desfrutarem da vida no céu, onde há disponibilidade de vinho e mulheres, e a opulência material é muito comum. Nos Vedas, recomendam-se muitos sacrifícios para elevação aos planetas celestiais, especialmente os sacrifícios jyotiṣṭoma. De fato, declara-se que qualquer um que deseje elevar-se aos planetas celestiais deve executar esses sacrifícios, e homens com um pobre fundo de conhecimento pensam que todo o propósito da sabedoria védica se resume a isto.

Para entendermos melhor karma-kāṇḍa, vamos analisar a seguinte advertência de Kṛṣṇa (Bg 2.45):

Os Vedas tratam principalmente do tema três modos da natureza material. Ó Arjuna, torne-se transcendental a esses três modos. Liberte-se de todas as dualidades e de todos os anseios advindos da busca por ganho e segurança, e estabeleça-se no eu.

Essas palavras mostram claramente que a finalidade precípua dos ensinamentos da Gītā é apresentar a essência da autorrealização espiritual suprema como ela é, e não oferecer um paraíso ilusório aqui na Terra. E para aqueles que insistem em acreditar na felicidade e no conforto material, Kṛṣṇa deixa Seu recado transcendental: ninguém conseguirá permanecer por muito tempo em nenhuma posição material, quer seja em planetas superiores, intermediários ou inferiores (Bg 8.16). Devemos, desse modo, compreender que as orientações da literatura védica original – a saber, os quatro Vedas – não constituem a verdadeira meta da vida. Na verdade, tal literatura introdutória dos Vedas se destina às pessoas mais condicionadas. Nesse ponto, poderíamos deduzir que, como a maioria de nós está numa condição neófita e condicionada, deveríamos aceitar a proposta karma-kāṇḍa dos Vedas. Em resposta a isso, Kṛṣṇa faz uma importante afirmação:

Todos os propósitos satisfeitos por um poço pequeno podem imediatamente ser satisfeitos por um grande reservatório de água. De modo semelhante, pode servir-se de todos os propósitos dos Vedas quem conhece o seu propósito subjacente.

Vamos analisar o comentário de Śrīla Prabhupāda em relação a isso:

Os rituais e sacrifícios mencionados na divisão karma-kāṇḍa da literatura védica destinam-se a encorajar o desenvolvimento gradual da autorrealização. E o propósito da autorrealização é afirmado claramente no décimo quinto capítulo da Bhagavad-gītā (15.15): o propósito de estudar os Vedas é conhecer o Senhor Kṛṣṇa, a causa primordial de tudo. Logo, autorrealização significa compreender Kṛṣṇa e nossa eterna relação com Ele. A relação que existe entre as entidades vivas e Kṛṣṇa também é mencionada no décimo quinto capítulo da Bhagavad-gītā (15.7). As entidades vivas são partes integrantes de Kṛṣṇa; portanto, a etapa em que a entidade viva individual revive a consciência de Kṛṣṇa é a mais elevada perfeição do conhecimento védico.

No que diz respeito ao nosso desenvolvimento espiritual, temos diante de nós duas opções: ingressar, passo a passo, através de karma-kāṇḍa, no processo indireto (em seguida, migrar para jñāna-kāṇḍa e, então, alcançar bhakti-kāṇḍa) ou trabalhar diretamente no estabelecimento da nossa relação com Kṛṣṇa que, como constatamos, é o propósito final dos Vedas. O que fazer? Segundo as palavras acima, uma pessoa inteligente aceitará o caminho direto, entendendo que a seção karma-kāṇḍa (e também a seção jñāna-kāṇḍa)é tal qual um pequeno poço d´água capaz de cumprir unicamente com propósitos limitados, ao passo que trabalhar diretamente no despertar da consciência de Kṛṣṇa significa ter acesso ao maior de todos os reservatórios, que, além de cumprir com os propósitos de um pequeno poço, é pleno de abundância espiritual. Ainda em relação a este ponto, Śrīla Prabhupāda faz um importante esclarecimento:

Deve-se ser bastante inteligente para compreender o propósito dos Vedas, sem se deixar apegar aos rituais apenas, e não se deve desejar a elevação aos reinos celestiais visando a uma qualidade melhor de gozo dos sentidos. Nesta era, não é possível para o homem comum seguir todas as regras e regulações dos rituais védicos, nem lhe é possível estudar exaustivamente todo o Vedānta e os Upaniads. É preciso muito tempo, energia, conhecimento e recursos para pôr em execução os propósitos dos Vedas. Dificilmente isto é possível nesta era. Todavia, o melhor propósito da cultura védica é alcançado, cantando o santo nome do Senhor, como foi recomendado pelo Senhor Caitanya, o libertador de todas as almas caídas.

Como ficou claro, o conteúdo apresentadopela seção karma-kāṇḍa propõe numerosos rituais com a promessa de recompensar materialmente, ainda neste mundo, aqueles que se dedicam a eles. Tais recompensas, no entanto, são ilusórias, e servem apenas como paliativo para as almas enredadas materialmente, uma vez que elas continuam presas a este mundo, mesmo que dentro de um conceito religioso preliminar. Fica claro, portanto, que a vida humana progressiva depende exclusivamente dos Vedas, pois ninguém avançará efetivamente em direção à felicidade – nem direta, nem indiretamente; nem espiritual, nem materialmente – criando seu próprio método.

Embora possam proporcionar o desfrute dos resultados materiais ao praticante, as atividades prescritas na seção karma-kāṇḍa dos Vedas são realizadas dentro dos limites das injunções purificatórias. Por isso, mesmo que tais práticas deem ao seu praticante o status de “religioso”, elas ainda são materiais. Como poderia ser diferente, uma vez que o karmī age sempre interessado em recompensas como dinheiro, prazer dos sentidos, fama nesta vida ou, na melhor das hipóteses, busca por promoção a planetas superiores na vida seguinte?

O problema do karma-kāṇḍa é que se trata um caminho que sempre resulta em reações, forçando o karmī a obter outro nascimento material, através do processo de transmigração da alma. Não importa se o karma é bom ou ruim; piedoso ou ímpio, ele sempre manterá a pessoa enredada no ciclo de nascimentos e mortes. Qual seria, então, a sua vantagem? A resposta é que, através de algumas ações sacrificatórias, caridade e disciplina, o karmī satisfaz seus desejos a ponto de, após algumas vidas, experimentar esgotamento material. Nesse momento, quando desacredita da advinda do gozo dos sentidos, ele passa se inclinar naturalmente à espiritualidade. Śrīla Prabhupāda explica (Significado Bg 3.37):

Na criação material, o Senhor oferece às almas condicionadas situações favoráveis para satisfazerem suas propensões luxuriosas e, ao se frustrarem por completo devido às prolongadas atividades luxuriosas, estes seres vivos passam a indagar sobre sua verdadeira posição. E é neste ponto que começam os Vedānta-sutras, onde se diz que athāto brahma-jijñāsā:“Deve-se indagar sobre o Supremo”.

Como podemos constatar, quando a pessoa chega ao ponto de entender as falhas do caminho de karma-kāṇḍa, ela perde sua avidez pelo gozo dos sentidos, torna-se mais filosófica e migra para jñāna-kāṇḍa, o caminho da busca da felicidade através do conhecimento.

Jñāna, o Caminho do Cultivo do Conhecimento Divino

Jñāna se refere ao cultivo de conhecimento. Tendo experimentado maior desapego das coisas deste mundo, o jñānī é o indivíduo ávido pelas verdades mais elevadas da vida, o que faz também com que ele se incline ao yoga místico eà meditação. Em outras palavras, diferentemente do karmī,que ainda está muito preso à plataforma sensual, o jñānī está mais na plataforma mental e intelectual e, portanto, seus interesses deixam de girar em torno do seu corpo grosseiro e passam a se centralizar no conhecimento em si.

 Através do estudo dos śāstras védicos e da meditação, o jñānī progride e finalmente chega ao verdadeiro ponto de partida do conhecimento espiritual, que é a percepção do Brahman, a natureza espiritual de todas coisas. Neste ponto, ele começa a se entender como um ser espiritual eterno. Entretanto, a não ser que vá além desse entendimento preliminar e consiga compreender a Pessoa Suprema e sua relação com Ela, o jñānī experimentará a mesma derrota do karmī, no sentido de que terá que permanecer preso ao saṁsāra – o ciclo de nascimentos e mortes.

De qualquer modo, o conhecimento é como o Sol, que gradualmente destrói a escuridão e ilumina tudo (Bg 5.16). Como sabemos, o Sol nasce e, aos poucos, espalha sua luz de forma uniforme até que, finalmente, emerge acima do horizonte. Embora jñāna-kāṇḍa, o caminho do conhecimento, seja auspicioso e ofereça luz e alegria desde o início da prática, a verdadeira iluminação em conhecimento é um processo gradual que requer um certo tempo de dedicação: “E quando com esforço sincero o yogī ocupa-se em continuar progredindo, limpando-se de todas as contaminações, então atinge a meta suprema, alcançando a perfeição depois de praticar durante muitos e muitos nascimentos” (Bg 6.20). Nesse momento, a alma passa a ver a si mesma e, estando fixa nos verdadeiros princípios da realidade (tattva), consegue saborear a bem-aventurança mais elevada (Bg 6.21).

Há uma belíssima oração feita pelos semideuses, a qual aponta a verdadeira deficiência dos jñānīs (Bhāg. 10.2.32):

Ó Senhor de olhos de lótus, embora os não devotos que aceitam severas austeridades e penitências para alcançar a posição mais elevada possam se considerar libertos, a inteligência deles é impura. Eles caem de sua posição de superioridade imaginária porque não têm apreço por Teus pés de lótus.

Embora, como citamos anteriormente, Kṛṣṇa tivesse recomendado no início da Bhagavad-gītā que ninguém deve se prender ao conhecimento védico apresentado pela seção karma-kāṇḍa, Ele enaltece um outro tipo de conhecimento védico: aquele que revela que este mundo se assemelha a uma árvore de cabeça para baixo – isto é, que o mundo não passa de uma ilusão, de um reflexo da natureza espiritual real (Bg 15.1). Prosseguindo com Seu raciocínio, Kṛṣṇa deixa claro que, sendo Ele o próprio compilador e conhecedor dos Vedas, Ele é também a meta do conhecimento (Bg 15.15). Em alguns momentos, Kṛṣṇa enaltece o conhecimento dos Vedas, enquanto em outros, subestima-o. Esse aparente impasse pode ser superado quando montamos um quebra-cabeças com alguns versos da Bhagavad-gītā. Façamos este exercício com alguns deles:

Aquele que compreende esta filosofia que trata da natureza material, da entidade viva e da interação dos modos da natureza com certeza alcançará a liberação. Ele não voltará a nascer aqui, não importa qual seja sua posição atual.  (13.24)

Quando alguém vê corretamente que em todas as atividades o único agente que está em ação são estes modos da natureza e quando conhece o Senhor Supremo, que é transcendental a todos esses modos, ele então alcança Minha natureza espiritual. (14.19)

Quando é capaz de transcender estes três modos associados com o corpo material, o ser corporificado pode libertar-se do nascimento, da morte, da velhice e dos sofrimentos que são inerentes a eles, e mesmo nesta vida pode gozar o néctar. (14.20)

Desse modo, levando essas informações filosóficas em consideração, podemos concluir que os Vedas nos conduzem gradualmente através dos modos da natureza, mas que seu objetivo último é o de nos ajudar a transcender os modos e conhecer Kṛṣṇa, que está além deles:

Iludido pelos três modos [bondade, paixão e ignorância], o mundo inteiro não conhece a Mim, que estou acima dos modos e Sou inesgotável. (Bg 7.13)

Yoga, o Caminho do Aperfeiçoamento Místico

A terceira categoria de empenho humano é o yoga. O Senhor Kṛṣṇa descreve o yogī como segue (Bg 6.46):

O yogī é maior do que o asceta, maior do que o empirista e maior do que o trabalhador fruitivo. Portanto, ó Arjuna, em todas as circunstâncias, sê um yogī.

Vale lembrar que existem muitos tipos de yoga, tais como haṭha-yoga, aṣṭāṅga-yoga, rāja-yoga, dhyāna-yoga e bhakti-yoga. O que hoje é comumente conhecido como haṭha-yoga – e que muitas vezes é visto apenas comouma forma de exercício de relaxamento – é apenas uma pontinha do grande iceberg do verdadeiro yoga, conforme ensinado por Patañjali em seu Yoga-sūtra ou por Kṛṣṇa no sexto capítulo da Bhagavad-gītā. Este yoga consiste em um sistema de meditação de oito componentes para se atingir o samādhi, ou completa absorção da mente no Supremo. Como sabemos, Arjuna concluiu que tal processo óctuplo de yoga é muito difícil de se praticar, conclusão essa confirmada pelo próprio Kṛṣṇa. Na verdade, os poucos que conseguem praticar acabam se cativando pelos siddhis, ou perfeições, que são possíveis de se obter através desse yoga, como a habilidade de caminhar sobre as águas, tornar-se extremamente pequeno e controlar a mente alheia. Assim, o processo místico de yoga, sendo muito difícil e repleto de possibilidades de distração, não é recomendado para esta era.

Como podemos observar, quando karma, jñāna ou yoga são conectados ao serviço ao Senhor Supremo, tornam-se favoráveis no processo de bhakti. Por exemplo, quando qualquer ação (karma) está vinculada ao serviço devocional, ela se torna karma-yoga, “ação espiritual”, conforme as palavras do Senhor Kṛṣṇa (Bg 9.27):

Tudo o que fizeres, tudo o que comeres, tudo o que ofereceres ou deres, e quaisquer austeridades que executares – faze isso, ó filho de Kuntī, como uma oferenda a Mim.  

De forma semelhante, o cultivo do conhecimento (jñāna) encontra sua perfeição quando o jñānī se entrega amorosamente à Pessoa Suprema, compreendendo que Ela é absolutamente tudo. Nesse estado perfeccional, jñāna se torna jñāna-yoga, verdadeiro conhecimento libertador(Bg 7.19):

Após muitos nascimentos e mortes, quem está de fato em conhecimento rende-se a Mim, conhecendo-Me como a causa de todas as causas e de tudo o que existe. Semelhante grande alma é muito rara.

Similarmente, no último verso do sexto capítulo da Gītā, Kṛṣṇa afirma que a absorção na consciência de Kṛṣṇa é o yoga derradeiro (Bg 6.47):

E de todos os yogīs, aquele que tem grande fé, que sempre permanece em Mim, pensa em Mim dentro de si mesmo e presta transcendental serviço amoroso a Mim é o mais intimamente unido a Mim em yoga e é o mais elevado de todos. Eis a Minha opinião.

Eis, portanto, a conclusão da Bhagavad-gītā (18.65-66):

man-manā bhava mad-bhakto mad-yājī māṁ namas-kuru

mām evaiṣyasi satyaṁ te pratijāne priyo ‘si me

Pensa sempre em Mim, torna-te Meu devoto, adora-Me e oferece-Me tuas homenagens. Destarte, virás a Mim, impreterivelmente. Prometo-te isso porque és Meu amigo muito querido.

sarva-dharmān parityajya mām ekaṁ śaraṇaṁ vraja

ahaṁ tvāṁ sarva-pāpebhyo mokṣayiṣyāmi mā śucaḥ

Abandona todas as variedades de religião e simplesmente rende-te a Mim. Libertar-te-ei de todas as reações pecaminosas. Não temas”.

Como constataremos através do estudo do Śrīmad-Bhāgavatam, bhakti não é apenas mais um processo purificatório, mas uma ciência sobre a natureza constitucional do ser vivo. E conforme as palavras do Senhor Caitanya, o explanador ideal do Bhāgavatam: jīvera ‘svarūpa’ haya-kṛṣṇera ‘nitya-dāsa’. “A posição constitucional da entidade viva é a de um servo eterno e amoroso de Kṛṣṇa” (Cc Madhya 20.108).

2 Comentários
  1. PAULO LIMA 4 anos atrás

    Compreendo a escala hierárquica (que também é um método de despertar das almas) entre Karma Kanda, Jnana Kanda e Bhakti Kanda. Entretanto não ficou claro para mim, como está posicionado o Yoga entre os três outros kanda mencionados acima. Gratidão, Maharaj.

  2. Geraldo George 4 anos atrás

    Jaya Maharaj, Hare Krishna! É com muito entusiasmo e satisfação, que irei participar de mais essa oportunidade e serviço transcendental que tão bondosamente o senhor nos oferece como um verdadeiro amigo, e Benquerente de todos nós! Todas as Glórias a Srila Prabhupada, Hari bol!!!🙏🙌

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