OS PERIGOS DO MODO DA PAIXÃO
Quando combinada com a bondade, a paixão torna-se extremamente positiva e construtiva, pois além de manifestar sua natureza criativa, cresce em sabedoria e tranquilidade. É claro que quanto mais a bondade conseguir lançar sua luz sobre a paixão, orientando e direcionando sua energia, tanto mais equilibrado e eficiente o indivíduo será. Por outro lado, ao mesclar-se com a escuridão, a paixão se mostra extremamente destrutiva e perigosa. Nesse caso, quanto mais a nuvem da escuridão for densa, tanto mais o indivíduo experimentará confusão mental, frustração e demais características destrutivas.
Quando dois indivíduos se associam sob a influência da paixão–bondade, é natural que um deseje agradar o outro e se preocupe com o seu bem-estar. De fato, quanto mais a bondade predominar entre os indivíduos, mais amorosos e agradáveis serão os sentimentos entre eles.
O aumento da bondade sempre ajuda a criar um ambiente de harmonia e equilíbrio. Por sua influência positiva, as pessoas naturalmente se desligam dos seus próprios interesses pessoais e tendem a desenvolver empatia com as necessidades dos outros. Amar os outros da mesma forma que a pessoa se ama ou fazer aos outros o que gostaria que lhe fizessem são características visíveis da bondade. E, embora ainda carregue em si alguns vestígios sutis de interesse pessoal ou egoísmo, quem pauta sua vida segundo esse mote dá um importante passo no que se refere a vislumbrar o verdadeiro significado de bondade verdadeira, algo próximo do amor verdadeiro.
Totalmente diferente do que acabamos de mencionar, há também a paixão destrutiva, que sempre injeta no coração de sua vítima a forte sensação de incompletude e, assim, alimenta constantemente seu sentimento de amargura. Como um indivíduo sob sua bandeira é puramente interesseiro, o principal foco dos seus relacionamentos é, antes de mais nada, satisfazer suas próprias necessidades, pois vê seus amigos e parceiros, ou o que quer que seja, como manancial de objetos de seu interesse pessoal ou fonte permanente de prazer. Do apego mundano, fruto da paixão, surgem dois grandes demônios mentais: o medo e a ira, que estão sob o jugo da escuridão. O medo tem muitas facetas, como o ciúme e a inveja. Como a pessoa apaixonada quer ser o senhor do seu objeto de apego, ela está sempre temendo que “a fonte de seu prazer” lhe seja roubada. De qualquer modo, ansiedade, ciúme e inveja só podem ser combatidos e eliminados pela bondade, a mais elevada de todas as virtudes.
Entendemos que a melhor maneira de eliminar um desejo mundano é substituí-lo por outro de qualidade superior. Um copo d´água dito vazio, na verdade, está cheio de ar. Para enchê-lo de água, não é necessário, antes disso, remover o ar do seu interior; o ar sairá à medida que se coloque água no copo. De forma semelhante, não há razão para que o indivíduo se preocupe com seus maus hábitos ou o que quer que esteja em seu coração; basta que ele introduza novos valores e hábitos no coração para que gradualmente os velhos sejam expulsos.