Jñāna-yoga, o yoga do conhecimento
Assim como karma-yoga é o caminho naturalmente percorrido pelas pessoas mais ativas, por privilegiar a percepção e a sabedoria espiritual, jñāna-yoga é especialmente atrativo para pessoas mais filosóficas. Trata-se de um caminho que busca liberar o praticante da escravidão de avidyā, “ignorância”, direcionando-o às três realidades fundamentais, ou tattvas, a saber: māyā-tattva, a verdade sobre māyā, energia material inferior da qual tanto este mundo quanto os nossos corpos materiais são constituídos; ātmā-tattva, a verdade sobre o Eu verdadeiro (ātmā), a alma, à qual é constituída de energia superior espiritual e īśvara-tattva (ou viṣṇu-tattva), a verdade sobre Deus, o Senhor e controlador absoluto. Segundo a Bhagavad-gītā (3.34), um tattva-vit, ou conhecedor da verdade, é aquele que sabe que o corpo, a alma e Deus são tattvas distintas, embora façam parte da mesma Realidade Última.
Transmitindo metafisicamente essas realidades, o jñāna-yoga promove seu praticante ao status de um verdadeiro brāhmaṇa, que passa a agir naturalmente sob o impulso das seguintes nove qualidades: śamaḥ, tranquilidade; damaḥ, autocontrole; tapaḥ, austeridade; śaucaṁ,pureza; kṣāntiḥ, tolerância; ārjavam, honestidade; jñānaṁ,conhecimento; vijñāna,sabedoria, e āstikyaṁ, espiritualidade. E assim como karma-yoga conduz o praticante ao conhecimento divino (divyā-jñāna), jñāna-yoga o impele a agir espiritualmente no mundo (karma-yoga). Por isso, a Bhagavad-gita enfatiza que ambos caminhos – karma e jñāna – são complementares e, em última análise, conduzem seus respectivos praticantes às mesmas percepções espirituais, à liberação do ciclo de nascimentos e mortes, conhecido como saṁsāra (Gita 3.3).
Obs.: Os principais textos clássicos que apresenta, jñāna-yoga são o Vedānta-sūtra (Patañjali), as Upaniṣads, o Vedānta-sūtra e a Bhagavad-gītā (Vyāsadeva).
