Satyam, o pilar da veracidade

Satyam, o pilar da veracidade

Como a principal fonte do conhecimento do yoga, a Bhagavad-gītā enumera as 26 características do indivíduo que é plenamente qualificado para progredir no caminho auspicioso do yoga. Uma delas é satyam, uma indicação de que uma pessoa virtuosa e sincera nunca distorce a verdade em prol de algum interesse pessoal. Por isso, ao abordarem as passagens mais profundas da literatura védica, os verdadeiros comentadores sempre enfatizam a necessidade de se aprendê-las com a ajuda de um preceptor genuíno. Como sabemos, no que se refere ao conhecimento, ninguém é autossuficiente. Por esse motivo, os Vedas deixam claro uma e outra vez que somente ouvindo de uma autoridade o estudante sincero terá acesso aos mistérios do conhecimento divino que formam a base do caminho do yoga.

Infelizmente, especialmente os dias de hoje, há muita gente deturpando o significado dos textos originais do yoga e inventando o seu assim chamado “método pessoal”. Em outras palavras, a ideia de fabricar algum processo de yoga tendo como base a especulação filosófica e mental é um grande disparate e um grande desserviço ao yoga verdadeiro. De fato, por mais bem-intencionada que uma pessoa seja, nenhum método criado por ela poderá proporcionar os verdadeiros benefícios do yoga aos demais, caso tal pessoa desconheça a verdade e não tenha se submetido a uma disciplina espiritual. De forma semelhante, quem preferir se dedicar a estudar os livros de conhecimento de forma independente, sem o devido acompanhamento, constatará que seu esforço será também insuficiente.

A Bhagavad-gītā (4.34) menciona que a verdade pode ser obtida somente através daquele que é tattva-darśana, um preceptor credenciado e conhecedor profundo das escrituras. Ao encontramos alguém com esse perfil, devemos nos aproximar dele com o intuito de fazer-lhe perguntas relevantes para, em seguida, aplicar suas respostas no nosso cotidiano. Isso porque os ensinamentos do verdadeiro preceptor se destinam a remover os diferentes tipos de ilusão do seu pupilo. Em outras palavras, assim como a ignorância é a causa do cativeiro do ser vivo, o conhecimento transcendental é a causa da sua libertação. Portanto, o Senhor Krishna, representando o papel de mestre espiritual perfeito, conclui o capítulo quatro da Gītā dizendo que somente o homem convicto racionalmente da importância do conhecimento transcendental e, ao dedicar-se a obtê-lo, subjuga seus sentidos, pode obtê-lo e, em decorrência disso, alcança a paz suprema. Por outro lado, aquele que ignora ou duvida das escrituras não pode acessá-las e permanecerá confuso e iludido. Segundo a Gītā, “Para eles não há felicidade nem nesse mundo nem no próximo. Somente aquele, portanto, cujas dúvidas são destruídas pelo conhecimento transcendental e, com isso, aprende a renunciar os frutos egoísta das suas ações conseguirá se situar em seu Eu verdadeiro. Portanto, ó guerreiro Arjuna, as dúvidas que surgiram em seu coração devem ser cortadas com a arma do conhecimento. Armado com o yoga, levante-se e lute!”.

Enfim, o centro de todas as nossas atividades do praticante de yoga deve ser a autorrealização. Esse deve ser o seu verdadeiro objetivo: seguir o caminho do yoga como ele é, sem deturpação. Ao mesmo tempo, sem buscar o engrandecimento pessoal, ele deve se manter atento às armadilhas da mente, a qual tem sempre a tendência de desviá-lo do caminho verdadeiro.

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